GUIA FABULATÓRIO N.7 – ENGAIOLAR UM TANQUE FUMACEIRO
- Paulo Victor Albertoni Lisboa
- 4 de mar. de 2022
- 2 min de leitura
Por PAULO VICTOR ALBERTONI LISBOA com arte de EDU VERENGUEL
ENCONTRAR MEDITATIVAMENTE UM MESTRE PASSARINHO para as unidades militares. Ressoando as sensibilidades selvagens, intuir os seus saberes, as suas cores, as suas melodias e chamá-lo pelo nome: Saíra-militar, o Tangará.
A esse passarinho cantor e dançarino, comumente denominado saíra-militar, oferecer um banquete de flores e frutos, piar longamente uma aliança entre seus territórios arbóreos e os nossos, entre as suas linguagens e as nossas linguagens, e pedir copiosamente que ele intervenha aqui contra os tanques fumaceiros, poluentes antidemocráticos.
Então, pousar uma saíra-militar na guarita verde-oliva, fazer piar uma ave-soldadinho dançarino no quartel. Mirar, cleck cleck, o artilheiro camuflado e desenquartelar a botina velha, dissolvendo a disciplina dos tanques fumaceiros e necromilitares.
Emprestar a continência passarinha, gorjeando camuflado nas cores da saíra-militar, envergonhando a cadência de musgo e casca grossa do soldado daquele batalhão fardulento de cores florestais, quando está em ação pelo deflorestamento. Ludibriar a correria através de uma melodia colorida, atraversando o quartel desguarnecido com os passinhos eletrizantes de uma dança passeriformada.
Engaiolar um tanque fumaceiro e assoviar uma tropa desempenada, impactada pelos penachos azuis do dançarino sem farda. Descamuflado e colorido, emular os nascimentos nas plantas com seus rebentos de flores em cores diversas.
Desencascar os uniformes verde-oliva, encontrando um homenzinho arborescido militando na quartelada. Desescolarizar a escola da tropa toda e incluir o passarinho-militar no vasto currículo dos preceitos das armas, cleck cleck; aprender a dançar o tangará.
Desmilitarizar o canto verde-deflorestamento e a marcha do homenzinho deserto-oliva, desfiando o militar daquela marcha chamada, pela própria quartelada, de “passo de ganso”, porém, de maneira desinformada. Descontrolar sonoramente a banda marcial, organizando uma batalha de melodias no interior do quartel passarinho.
Acelerar a marcha sem graça e começar a dançar estranhamente na direção contrária até encontrar um passarinho feiticeiro, um aliado passeriforme daqueles que lançam maus agouros, cantam na noite escura, bem ali, na janela de um necromilitar envolvido na imunização de rebanho; então, pedir que o saíra – ou a saíra – cante e dance também em defesa das emas do Palácio da Alvorada.
Dizer sim, piar não, dançar cleck cleck. Conquistar um território descascado, sem musgos e desorientado, piamente. Fazer marra marcial em nome do direito de dançar.
Compor com a saíra-militar um desuniforme, um bando marcial de penachos coloridos e uma dança passeriforme. Perguntar à saíra se ela não quer desarmar um tanque.
Com o militar que saíra, e atravessou o quartel, devirar a farda e a melodia de uma tropa desquartelada. Do homenzinho arborescido, testemunhar um novo rito de tangará colorido. Veja como dança o saíra-militar, veja!
Desmobilizar a infantaria para encorajá-la a cantear em um terreno só. Liberar a festa. Colorir as asas dos paraquedistas, oferecer também o colorido aos combatentes das montanhas, desorquestrar o seu hino; encontrar um trino em que trinam militares outros, armados de penas e dancinhas passeriformadas.
Agradecer festivamente ao sairá passarinho, emulando os seus gestos, os seus cantos, as suas dancinhas. Gorjear com ele a esperança depositada no rito do tangará pra que tenha sido efetivo, mantendo o tanque fumaceiro longe das emas da Alvorada
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